Em uma laje na Zona Norte do Rio, uma lousa improvisada em cima de tijolos e um grupo de jovens com o sonho de ingressar no ensino superior, assim nasceu o projeto Unifavela. Em agosto de 2018, os jovens estudantes Laerte Breno, Daniele Figueiredo e Letícia Maia deram início ao pré-vestibular que em menos de um ano traria resultados impressionantes: todos os vestibulandos ingressaram em universidades públicas no Rio de Janeiro.
Um dos pré-vestibulandos, Cristian Gomes, de 21 anos, cedeu a laje de sua própria residência na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, para que os jovens professores dessem início às aulas para um grupo de 10 alunos.
As aulas eram ministradas por Breno, estudante de letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Daniele, graduanda de história na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Letícia também aluna de história da UFRJ.
Se engana quem pensa que foi um caminho fácil. Os professores e alunos passaram por grandes dificuldades ao realizarem o projeto “Por mais que a gente estivesse em uma laje, em um ambiente não muito confortável, muito quente, muito frio, o pior era o tiroteio. Era muito perigoso estar em uma laje na favela, né?” - conta o estudante Cristian Gomes, em entrevista ao G1.
Apesar das dificuldades, todos os alunos foram aprovados nas universidades públicas UERJ, UFRJ ou na UNIRIO, garantindo 100% de aproveitamento do cursinho pré-vestibular. “Eu choro quando eu vejo eles aprovados. É gratificante estar naquele universo acadêmico que é de direito deles nesse lugar que é socialmente distante. As famílias se sentem abraçadas, nos dão retorno, é além da sala de aula. Cria laços” - disse o fundador do Unifavela, Laerte Breno.
Hoje, com voluntários para todos as matérias, o projeto ganhou uma sala de aula de verdade cedida por uma ONG. Por meio da divulgação nas redes sociais, a Unifavela ganhou notoriedade e recebeu o apoio de diversas pessoas através de vaquinhas. Além disso, instituições de ensino entraram em contato para oferecer espaço para a administração das aulas, e os alunos agora passarão a ter aula em uma escola na mesma comunidade em que tudo teve início.
Os alunos e professores ainda contam com o apoio popular para financiar os custos do projeto. O Unifavela possui uma campanha de financiamento coletivo, e é possível realizar a contribuição no site Vakinha, através deste link (clique aqui).
Referências
G1, Hypeness, Razões para Acreditar